OSMOSE DE ADÃO e EVA




{ Yvonne Rainer, }




A4 COLLAGE


The A4 COLLAGE REVERSED and 
SCANNED WITH A PRINT And a HAND- LAMP (to revel the layers of paper)

{Agnès Varda, Résponse de femmes, 1975} 


Na minha rua,
o chão é negro e se esfrega de alento,
de veias em passagem orgânica.
Rítmicas.
Que preceituoso é este acumular da razão,
Que coisifica o olhar em um:
Tu, sem sobrenome.




Mas a rua, toma nome de mulher,
E mais à frente,
Ao virar da esquina, surge o outro e é homem.

O Tu é a natureza em opulência, cheia de
Vagas inextinguíveis
entre
o espaço que ainda se quer, requer de cama vazia,
e o outro, que fazia?
ali, de corpo nu...?

Ambos com os músculos suspensos pelo frio,
como pedras prodigiosas na falta de expressão...
que se desfazem em areia por causa da vergonha...tonta...tão tonta,
mas rica em vulnerável experiência.

E
enquanto os lábios se colam por si sós,
anseios ao silencio perfurado
provocados pelo latente abafo
entre a ginga e murmúrio,
de repente...
dita a alma ao olhar, que diz à insigne sabedoria:
”É só para saber se és tu...”

POR hipótese,
diz-me se também, um oceano abismado pela contracção da lua,
Se suga a areia?
Se suga a espuma?
Se absorve (a si mesmo e era mar)?
Se aspira tão mortal,
tão longe e tão fortemente o ar... que...         
voraz em sua audácia,
volta ao corpo,
volta ao seio,
retoma à alma,
até formar uma nova onda,
que acalma...
vai e volta
vaga e tonta...mas tão inocente, tão leve por agora?!

Se sim.

Então é aí que...
O porém tão natural...
faz do requerer e o entrelaçado espaço entre mar e o corpo nu,
entre o bem e o mal,
o emergir simples da palavra:
és tu (em sussurrado mistério – tão pequeno é o sibilo que mais parece um sopro de um souto rouco e cru).

E o tu
enquanto esvazia o intra-uterino senão...
e a insónia,
aquela que até então fez da vida um impedimento constante,
Ou um arrependimento contrastante ao negligente abraço da incerteza,
Enche o mundo de movimentos líricos,
De delírios oníricos,
e
geometrias onomatopeicas...
lentas...
Complexas...
E redundantes..
Entre a figura, pessoa e o alento.

[Tributo às prostitutas do Raval, vizinhas da minha rua]